Mulheres com um perfil bem parecido: dependentes químicas e dispostas a se livrar do mundo das drogas por causa dos filhos. Para Joycilene, Regina, Poliana e Maria de Fátima, o domingo de Dia das Mães (11 de maio) será de reencontro com os familiares e com a própria dignidade.
Todas moram em uma mesma casa de auxílio específica para usuárias de entorcepentes, a Casa Rosa - a única de São Luís -, que conta com terapeutas, psicólogos, assistentes sociais e arte-educadores. Para estarem no local, precisaram passar sete dias
sem
contato nenhum com a família e um mês para poder receber visitas. Nenhuma delas foi para lá contra a vontade e, para poderem se livrar do vício, obedecem a uma rotina que inclui tarefas domésticas, cursos, terapias, estudos bíblicos e atividades lúdicas.
Joycelene Rodrigues veio direto do município maranhense de Mirinzal para a casa abrigo na capital, por dizer não suportar mais as condições em que vivia. Aos 28 anos, ela já tem quatro filhos. Apesar de ter usado maconha e merla durante anos, afirma que sempre parava o consumo quando estava grávida.
"Quando eu engravidava, eu me trancava, nem saía de casa. Eu não sou doida de fazer esse mal para meus filhos. Só meu filho mais velho me viu uma vez bêbada, mas os outros não", garantiu. E completou: "Estou aqui porque quero me sentir limpa, e não com o cheiro podre que a droga me deixava. Meu ex-marido me tomou minhas duas filhas porque sabia que já não estava mais fazendo meu papel de mãe como deveria. Mas eu vou vencer essa batalha aqui (se livrar das drogas), para depois vencer a batalha seguinte, que é resgatar minhas filhas", garantiu.
Já Poliana Almeida, de 21 anos, não teve a mesma preocupação de Joycelene com o consumo de entorpecentes durante a gestação.
"Durante nove meses de gravidez, se fiquei cinco dias sem usar crack foi muito", afirmou. Apesar disso, o filho de dois anos até agora não apresentou nenhum distúrbio ou consequência grave. Ela, que entrou no mundo das drogas aos 9 anos, diz que a luta é diária contra o vício. Poliana foi resgatada das ruas do Centro de São Luís após fugir clandestinamente em umvagão de trem de Alto Alegre do Pindaré, deixando para trás filho, família, esperança. Depois de um mês morando na Casa Rosa, ela, que gosta de cantar nas horas livres, agora diz que tem outra rotina.
"Antes, meu despertador era o 'bico de ferro' da PM; o café da manhã era bolo com formiga ou qualquer outro alimento que encontrasse no chão. Agora, desperto com um 'bom dia', uma música e tenho comida à mesa para a primeira refeição", contou.
Com a nova vida, Poliana passou até a sonhar. "Estou aqui por causa do meu filho, pois quero ser exemplo. Quando sair, vou concluir meu ensino médio e fazer assistência social. Quero ajudar também quem vive nas mesmas condições precárias que vivi por causa do crack", disse.
Expectativa
Maria de Fátima Varela é a mais velha do grupo de mulheres. Com 49 anos, ela acredita que se envolveu com as drogas porque sempre se sentiu desprezada em casa. Como o pai morreu quando ainda era muito nova, a mãe constituiu uma nova família. Foi quando passou a se sentir rejeitada. Encontrou o 'alívio' para o desprezo, mas um caminho tortuoso e muito difícil de retornar pela frente.
Com a nova vida, Poliana passou até a sonhar. "Estou aqui por causa do meu filho, pois quero ser exemplo. Quando sair, vou concluir meu ensino médio e fazer assistência social. Quero ajudar também quem vive nas mesmas condições precárias que vivi por causa do crack", disse.
Expectativa
Maria de Fátima Varela é a mais velha do grupo de mulheres. Com 49 anos, ela acredita que se envolveu com as drogas porque sempre se sentiu desprezada em casa. Como o pai morreu quando ainda era muito nova, a mãe constituiu uma nova família. Foi quando passou a se sentir rejeitada. Encontrou o 'alívio' para o desprezo, mas um caminho tortuoso e muito difícil de retornar pela frente.
"Na primeira vez que me viciei foi com maconha. Depois, fui morar com um homem que não usava nada e fiquei cinco anos 'limpa'. Caí de novo há pouco mais de um ano. Escapei da morte por muito pouco quando estava morando em um galpão abandonado na Cohab. Então percebi que precisava de ajuda e liguei para minha filha".
Depois desse pedido de socorro, a relação de Fátima com a filha, que passou a cuidar dela, darabrigo, alimento, ficou temporariamente invertida. No entanto, ela percebeu que precisava de ajuda especializada. Há dois meses na Casa Rosa, Fátima agora se sente mais segura e diz não ver a hora do domingo chegar. "Meu coração está pulando de alegria em saber que verei meus três filhos juntos de novo", comemora.
O coração de Regina Célia também está em festa. Em vez de três, ela espera receber pelo menos 10 pessoas da família no domingo (11) para comemorar o Dia das Mães. Desses, quatro são filhos. Os netos também devem ir. Para ela, que disse ter chegado ao fundo do poço com o crack, poder se sentir amada de novo certamente será o mais gratificante.
"Estou contando as horas para o Dia das Mães chegar, para poder rever todo mundo de novo. Me preocupa pensar nas consequências que ficaram em meus filhos durante os dias em que conviveram comigo quando usava droga. Mas eu vou dar a volta por cima e ser motivo de orgulho novamente", garantiu.
A filha, Daniele, de 21 anos, disse não gostar nem de lembrar dos dias de decadência da mãe. "Era horrível. Ninguém queria mais nem ela dentro de casa. Batia na gente, pegava as coisas escondidas para trocar por crack. Tinha dia que eu nem conhecia minha mãe", lamenta. Mas, segundo Daniele, a situação a afastou desse universo perverso. "Tenho dois filhos. Não quero que eles vivam o que eu vivi. Isso é um verdadeiro espelho para mim".
Solidariedade
Nem todas as mulheres que vivem na Casa Rosa, que fica no bairro Jardim São Cristóvão II, quiseram conversar com o G1, mas todas que falaram deixaram transparecer o empenho em se recuperar para voltar a ter uma vida mais serena, com convívio familiar harmonioso. A proposta trabalhada diariamente no local, cuja rotina inclui orações e presença em cultos.
A filha, Daniele, de 21 anos, disse não gostar nem de lembrar dos dias de decadência da mãe. "Era horrível. Ninguém queria mais nem ela dentro de casa. Batia na gente, pegava as coisas escondidas para trocar por crack. Tinha dia que eu nem conhecia minha mãe", lamenta. Mas, segundo Daniele, a situação a afastou desse universo perverso. "Tenho dois filhos. Não quero que eles vivam o que eu vivi. Isso é um verdadeiro espelho para mim".
Solidariedade
Nem todas as mulheres que vivem na Casa Rosa, que fica no bairro Jardim São Cristóvão II, quiseram conversar com o G1, mas todas que falaram deixaram transparecer o empenho em se recuperar para voltar a ter uma vida mais serena, com convívio familiar harmonioso. A proposta trabalhada diariamente no local, cuja rotina inclui orações e presença em cultos.
O estabelecimento se mantém unicamente de doações, de várias igrejas de São Luís. "Temos capacidade para dez mulheres. Cada uma passa nove meses aqui, recebendo acompanhamento de uma equipe de profissionais. Todos são voluntários. É um trabalho difícil, mas quando temos certeza de nossas obrigações como cristãos, a satisfação é certa. Nosso objetivo maior é ver essas vidas transformadas", concluiu Dóris Lima, coordenadora da Casa Rosa.
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